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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Resenha | A História Sem Fim - Michael Ende
"'Gostaria de saber', disse para si mesmo, 'o que se passa dentro de um livro quando ele está fechado."
- Bastian Baltasar Bux
A história sem fim (Die Unendliche Geschichte), do escritor Alemão Michael Ende, nos conduz a uma experiência literária, no mínimo, interessante. O romance apresenta Bastian Baltasar Bux, um garotinho com dificuldades de relacionamento, baixinho, gordinho e com notas baixas na escola. A típica criança reclusa e retraída. Com sua mãe já morta e seu pai, que é dentista, completamente alheio a seus problemas, Bastian procura refúgio na literatura. O que leva à cena de apresentação.
A história sem fim (Die Unendliche Geschichte), do escritor Alemão Michael Ende, nos conduz a uma experiência literária, no mínimo, interessante. O romance apresenta Bastian Baltasar Bux, um garotinho com dificuldades de relacionamento, baixinho, gordinho e com notas baixas na escola. A típica criança reclusa e retraída. Com sua mãe já morta e seu pai, que é dentista, completamente alheio a seus problemas, Bastian procura refúgio na literatura. O que leva à cena de apresentação.
Bastian entra na loja de um alfarrabista, e sente-se extremamente atraído pelo livro que o homem tem em mãos, então, num momento de descuido do homem, Baltasar não resiste, rouba o livro, corre e se esconde no sótão de sua escola, local do qual ele decide que não sairia antes que terminasse de lê-lo. Este livro misterioso chamava-se A história Sem fim. A partir de então, passamos a acompanhar a leitura que o menino faz do livro. A estória dentro da estória (sim, sou adepto ao neologismo roseano).
A História Sem Fim relata um vasto reino chamado Fantasia,
lugar de criaturas extraordinárias como os fogos-fátuos, os come-rochas, os
gnomos-noturnos e os minúsculos, cada qual com características físicas e
comportamentais bastantes diferentes umas das outras. Todos eles governados por
uma só pessoa: A Imperatriz Criança.
Descobre-se então que o reino está correndo grave perigo,
pois, o Nada (sim, o nada), está consumindo todas as cidades e vilarejos de
fantasia, algo que reflete diretamente na saúde da Imperatriz. Só há uma
criatura capaz de partir em busca da Salvação de Fantasia. Chama-se Atreiú.
Atreú é um pele-verde. Os peles-verdes têm os cabelos cumpridos e trançados, de uma cor negro-azulada com tom de pele verde-escuro. Eles são educados na coragem e no orgulho, e, são exímios caçadores. Sua caça são os búfalos gigantes.
Michael Ende tem um domínio narrativo excepcional, e apesar
de inserir muitos personagens em fantasia, sempre amarra todas as pontas. Ele
caminha entre a narrativa de fantasia e a narrativa da realidade (foco em
Bantian) com tranquilidade e competência, dando bastante fluidez ao texto.
É possível dividir o livro em duas partes, a primeira com
características mais fantásticas, muita descrição e apresentação de
personagens. A segunda conduz o leitor por questionamentos filosóficos e
cosmológicos através de máximas existenciais, e, inclusive sociológicas,
abordando um topos literário que o da
necessidade de intervenção da literatura, e, mais especificamente da fantasia, na
realidade. Tudo isso, como dito antes, muito bem amarrado e colocado, típicos
das escolas filosófica e fantástica alemã.
domingo, 4 de janeiro de 2015
Resenha | A Espantosa Vida de Octavian Nothing - M.T. Anderson
M. T. Anderson, autor de Octavian Nothing, é formado em literatura de língua inglesa pelas Universidades de Harvard e Cambridge, e autor de vários romances para o público jovem. Octavian rendeu-lhe o National Book Award, o Michael L. Printz Honor e o Boston Globe - Horn Book Award.
Octavian é um garoto criado numa casa de intelectuais da segunda metade do século XVIII, localizada em Boston. Ele recebe, desses intelectuais, uma educação de príncipe, o que lhe proporciona um intelecto invejável. Fala Latim e Grego, toca violino com maestria – sua grande paixão – e domina a literatura clássica. Sua mãe, Cassiopéia, é uma princesa oriunda de um país distante, a qual se torna objeto de desejo dos acadêmicos obtendo sempre mimos, elogios e todas as atenções para si.
Caso as ponderações desta resenha parassem por aqui, o que se esperaria do livro seria uma estória repleta de romantismo, cavalheirismo, lirismo platônico e descrições apaixonadas de campos abertos, dias ensolarados e um amor inabalável. Mas o fato é que há uma característica primordial que escapou (claro, propositalmente) a essa pequena descrição: Octavian e sua mãe eram escravos negros.
Hesitei bastante em revelar o fato de os dois serem negros, pois não nos é narrado logo no início, mas não demora a ser percebido e “confessado” pelo narrador.
A narração é feita pelo próprio protagonista o que nos proporciona um léxico rebuscado (visto que o mesmo é um intelectual) e bastante exato, típico do século XVIII. O inglês arcaico e estilo do período é adaptado a propósitos ficcionais modernos, como é observado pelo próprio autor em nota. As soluções do tradutor são bastante pertinentes e competentes, vale a pena conferir a tradução.
Como pano de fundo temos a Guerra Revolucionária, fato que é essencial no decorrer e desfecho do romance. As cenas de ação, marcadas pelo pretérito imperfeito, são fluidas e extremamente envolventes.
O tom é melancólico e sarcástico, típicos desse autor que
chama a atenção para injustiças sociais e desvios de caráter e que assombram o
convívio social até a contemporaneidade. Questões cosmológicas, filosóficas e
sociológicas são colocadas em xeque, mas é preciso atenção para percebê-las.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Crônica | Transporte público
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Youtube | Video Piloto
E ai pessoal, criamos o vlog e ja tem o primeiro video que é um episódio piloto. Acessem lá!
sábado, 13 de dezembro de 2014
Resenha | Extraordinário - R. J. Palácio
“Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez
na vida...”
(August Pullman, protagonista de “wonder”)
(August Pullman, protagonista de “wonder”)
Escrito em primeira pessoa e num ritmo narrativo bastante
envolvente, Extraordinário, traz de forma
bastante descontraída, sem deixar de ser séria, a temática da aceitação como
diferente e da transição da fase infantil à adolescente ou adulta.
A narrativa se dá em North River Heights, Manhattan, onde
mora o protagonista de dez anos de idade August Pullman, juntamente com seus
pais Isabel e Nate, e sua irmã mais velha Via. August que dá início à
narrativa, nasceu com uma síndrome genética que gerou uma deformidade facial
extremamente grave, o que fazia com que Auggie vivesse às margens do mundo que
não sabia lidar com ele.
Então, seus pais – que eram extremamente protetores – ,
decidiram que estava na hora de Auggie dar um passo além e começar a frequentar
a escola, o que não foi bem recebido pelo garoto. Enfim, August resolve
embarcar nessa aventura escolar que promete muitas surpresas e muito mais
desafios.
O leitor acompanha toda a odisseia do protagonista através
de sua própria ótica. O fluxo de consciência do personagem, que, apesar de não
ser necessariamente comp
lexo, é bastante interessante, o que faz com que
crie-se uma simpatia e amor pelo Auggie, que é esse garoto externamente
diferente, mas extraordinariamente envolvente.
Um fator curioso sobre a perspectiva narrativa é que, quando
chega-se ao final de algumas das partes do livro, muda-se o personagem que
narra a estória, então é possível acompanhar as experiências de cada um dos
personagens, fazendo também, com que o leitor tenha uma certa onisciência
narrativa.
Divertido, polêmico, atual, Extraordinário soluciona de maneira leve e bastante competente,
este caso de rejeição por diferença que ainda, claro que infelizmente, é tão
recorrente na atual conjuntura social.
sábado, 6 de dezembro de 2014
E agora José?
Sim, resolvi começar o blog. Nada
seria mais pertinente ao primeiro texto do que falar sobre a criação. Este
projeto, que começou a ser gerado agora, já era idealizado há dois ou três
anos, antes de que eu começasse a estudar literatura ou que ela se tornasse, de
certa maneira, meu objeto de trabalho e estudo. O fato é que existem ad infinitum possibilidades e perspectivas
sobre o que é literatura e qual sua função dentro das esferas sociais e mesmo ao
indivíduo subjetivado. De Horácio aos
Pós-modernos os assuntos e abordagens são inesgotáveis – e que bom que o são. Então
a pergunta que essencialmente me cabe a responder a você leitor (por que a mim já
foi respondida): De que vale alguém mais falar de sua perspectiva?
Indaguei-me por muito tempo. Não
sei se tempo demais. Perceba, não estou, de alguma maneira, tentando justificar
minha paixonite literária, ou dar algum tipo de satisfação, mesmo que assim o
faça. Talvez eu só esteja escrevendo o que foi necessário ser respondido a mim
enquanto abstraía-me na busca de uma justificativa que satisfizesse o desejo de
escrever e falar na internet sobre literatura. Vou me valer (para você, assim
como o fiz para mim) de uma citação de um teórico literário que tenho como
referência, Octávio Paz: “Escrevemos para
ser o que somos ou para ser aquilo que não somos. Em um ou em outro caso, nos
buscamos a nós mesmos. E se temos a sorte de encontrar-nos – sinal de criação –
descobriremos que somos desconhecidos.” O fato é que, na minha
subjetividade, eu me encontro, sou aquilo que sou. Tenho minhas perspectivas, minhas
experiências, minha leitura de preferência e por aí caminham as peculiaridades
do Ser. Então, por que não aceitar o fato de que alguém se encontre nessa –
minha – escrita. Não quero ser pretencioso ao ponto de tentar seduzir ou
convencer aqueles que não são a serem ou lerem o que sou ou escrevo. Quero, de
fato, que aqueles que são encontrem-se e descubram-se nessa criação.
“A grande literatura é
apenas uma linguagem carregada de sentido até ao mais elevado grau possível.” –
Ezra Pound
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